sexta-feira, 13 de maio de 2011

Toques de cabeça


O CAMÕES
Por JMMA

Há um limite para além do qual a rivalidade clubística deixa de fazer sentido. Uma coisa são opiniões tendenciosas outra é facciosismo acéfalo. Não quero estar aqui a gabar-me mas (tirando o Benfica que às vezes me turva as ideias) eu cá sei ver as coisas. Sejamos sérios: a dura realidade é que o ano tem corrido bem ao Porto. O FC Porto fez uma época razoavelzinha e ontem tivemos uma novidade que deve tê-lo (ao Porto) enchido de satisfação. Manuel António Pina, poeta e admirável cronista do JN, venceu o Prémio Camões 2011. Vénia, vénia, vénia. Conheço mal o laureado. Mas gostei muito quando disse sentir-se “um bocado embaraçado, atendendo à qualidade das pessoas a quem já foi atribuído anteriormente o prémio”.

A meu ver, cada uma destas ocorrências (repito: uma temporada futebolística razoavelzinha e, agora, o Prémio Camões) constitui uma alegria de per se. No entanto, quando ocorrem em simultâneo, como agora sucede, temos de reconhecer que o Porto atravessa um verdadeiro estado de graça. Na verdade, para além de representar, no plano cultural, o mais prestigiado galardão literário da comunidade lusófona, o prémio em causa vem trazer ao Porto (dos portistas) uma vantagem decisiva. Já explico.

Desconheço as preferências clubísticas do distinto laureado. Mas seja ela qual for, quando as javardices do apito dourado se vão desvanecendo sob a acção conjunta da lixívia branqueadora e do tempo prescritor, os portistas devotos têm agora (em Pina) um novo argumento. Mesmo para lidar com confissões impressionantes como, esta semana, as de Jacinto Paixão, podem doravante atirar: “vai chatear o Camões!”. É ou não é sorte?

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