sábado, 6 de setembro de 2008

Toques de Cabeça

Y OLÉ!

Naide Após merecido descanso ‘recargando pilas’ em terras de Quique Flores, eis-me de volta a este futblogue que tão cordato estava até que o clássico veio reacender velhas rivalidades. Começamos a enervar-nos sempre que se aproxima um Benfica-Porto. Tanto, que já não se pode nem saborear um Porto descansado. E logo eu que acho que o Porto deve ser sempre escorropichado até à última gota. Em Espanha, porém, onde assisti às ‘alegrias y decepciones en nuestro equipo olímpico’, tudo é estranhamente longínquo. Portugal é simplesmente um país ignorado. Excepção talvez para Madrid, e cá voltamos ao nosso crónico infortúnio. Neste caso, consequência da real abada (5 só na primeira parte) com que os Merengues brindaram os luso-lagartos no mítico Bernabéu. Mas esqueçamos o resultado. Afinal foi apenas uma partida dita de «prestígio». E todas as histórias de prestígio (diziam os espanhóis) começam sempre por ‘una buena anédocta’. Em todo o caso, à volta, aí está o Sporting, juba arrufada, peito inchado, a bater a pestana para o fotógrafo, instalado na liderança à segunda jornada do campeonato. Em terra de cegos…

 

Dizia eu que Portugal é um país ignorado. Em Espanha há um fatalismo em ser benfiquista (assim como portista, julgo). ‘El mítico’ Benfica já não é o que era e o FCP… Qual FCP? E quanto ao resto, Sporting incluído, nem vale a pena falar que eles não sabem o que é. Por isso, às vezes, acreditem, quase preferia ser da Académica, do Paços ou do Estoril. Relegados para as margens, a Académica, o Paços ou o Estoril não têm expectativas. Ganham umas vezes, perdem outras – não importa, a vida continua. Há um encanto nisso. Para nós, benfiquistas (ou portistas, julgo), é tudo muito pior. Não somos suficientemente grandes para acreditar na vitória nem suficientemente pequenos para aceitar a derrota. E por isso, quando nos encontramos, vamo-nos entretendo a enervarmo-nos uns aos outros.

 

Foi então que tive o infeliz deslize de falar aos espanhóis no «triplo salto de Nelson Évora», o que gerou imperdoáveis equívocos. Triplo ‘assalto’? Mas isso é modalidade olímpica? Assaltos a agências bancárias, a áreas de serviço, a ourivesarias, a veículos de transporte de valores, homicídios, carjacking, reféns, uso de explosivos e de armas proibidas, tudo isto, mais as rixas nos bairros degradados, tudo isso ‘cuenta’? Portugal acabou então por ganhar a medalha de ouro das Olimpíadas do banditismo, ‘verdad’? E - ‘aunque no tienne nada que ver’ -, esses campeónes de tiro ao boneco não ficaram na caminha?

 

- Ustedes no lo entenden? Pois yo tampoco!

 

Enfim, além de ter batido o meu récord pessoal de ‘cañas y bocadillos’, verdadeiro consolo, só vejo um. Tem nomes de elite: Figo e Deco, Futre e Simão, Pepe e etc. E Saramago, ‘conho’! Mas, enjoado de ‘jambon serrano’, cada vez ‘tenía más ganas de irme’. E cá estou. Felizmente para nós, o futebol português é ainda os seus intérpretes. Y olé!

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