quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Colunista convidado, por JMMA


Jingóbel

Tirando as excitações que por aí vão fora das quatro linhas, o futebol prepara-se para um Natal tranquilo, em família, com estrelinhas, anjinhos e Reis Magos. Tudo a correr pelo melhor e no melhor dos mundos possíveis, já que o tempo (11 pontos à melhor!) não está para inquietações. Está é para presépios: o Menino Jorginho dorme, a Vaca – no «calor da noite» - muge, Nossa Senhora Maria J. Morgado assiste, São José Veiga está satisfeito e o Burro – se não abrir os olhos - está feito.

Não é ingenuidade, é optimismo natural. Ainda acreditamos primeiro e duvidamos depois. Como quem acredita que o Pai Natal vem da Lapónia num trenó puxado por renas, também nós acreditámos que a hegemonia nas últimas décadas do FCP no campeonato, apesar de tudo, assentava em bases mínimas de honestidade e decoro desportivo. Hoje, todavia, só temos dúvida é se foi conseguida por processos criminosos ou não. Como qualquer sportinguista que vê o presidente vender a secretaria do clube e acredita que este fica financeiramente equilibrado, também nós, com toda a crença natalícia, acreditámos na «operação coração». E quando o Benfica conquistou o Guinness, quase nos convencíamos que «maior» significava (ou em breve iria significar) «melhor» clube do mundo.

É verdade, felizmente ainda não perdemos a inocência. Ainda somos capazes de rumar ao fim do arco-iris pela faixa encarnada. O futebol no nosso país tornou-se um lugar mal frequentado. A honestidade era verde veio uma cabra e comeu-a. Mas se vêem muitas coisas bonitas. Por exemplo, Madaíl e a lista de candidatos para os órgãos da Federação divertem-me, e os palhaços também. Os que agora diabolizam Carolina da Costa para salvar o mito divertem-me, e os que comem muito queijo também. Esquecem-se que, como dizem os americanos, it takes two to tango (são precisas duas pessoas para dançar tango). Também os que acreditam que basta uma procuradora-geral adjunta, mesmo chamando-se Morgado, para pôr o «apito salgado» em pratos limpos desvanecem-me, e os que ainda esperam por D. Sebastião também.


Enfim, coisas que acontecem e que vêm nos jornais. E as que não vêm nos jornais? «A corrupção do futebol é uma parte ínfima da corrupção geral do país. E serve principalmente para a esconder», lia-se há dias no Público. Mas a quadra não está para inquietações, o tempo é de festas e presentes. Por isso, faço duas sugestões. Para aqueles, cá dentro, que ainda andam aí por fora, mas deviam ser postos fora e metidos lá dentro, para esses peço ao Menino Jesus que lhes ofereça uma gaiola. Para os amigos do blog, e já que por estes dias tem havido por aí uma grande apetência literária, sugiro um livro: «Cosa Nostra – História da Máfia Siciliana», John Dickie, Edições 70, 2006. Ou se preferirem um DVD: Padrinho III de Francis Ford Coppola, com Al Pacino no papel do velho «Don».

Enquanto escrevia soube da morte de Joe Barbera, o «pai» dos meus grandes amigos Tom and Jerry e Fintstones. Contristado, deixo-lhes aqui o meu abraço. É por estas e por outras que continuamos a acreditar que é possível ascender a novos sonhos.

A todos um bom Natal! Jingóbel, jingóbel…

2 comentários:

  1. E olhe que a vaca mugiu bem alto ontem...!

    AF

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  2. Bom Natal para os administradores, para todos os colunistas convidados, comentadores e leitores.

    Recomendo, para aliviar tensões, a participação empenhada neste meritório evento.

    Abraço

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