sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Colunista convidado, por JMMA

Ainda ecos de PARIS

Uma e meia da tarde. O trânsito no Boulevard Périphérique (espécie de 2ª circular) é denso, mas flúi com razoável velocidade em direcção a Paris. Um sinal vermelho obriga-me a parar num local chamado Porta de La Chapelle. À minha esquerda, depara-se-me o vulto de um estádio grandioso.

Oh lá lá, é o Estádio de França! Prazer em conhecê-lo, assim «em pessoa».

Visto de repente não sei com que mais se parece: se com os contornos de uma nave interplanetária, se com um hamburger de três andares, tipo Big Mac.

A arquitectura é, de facto, fora do comum. Característica destacada pelos construtores, o tecto: 14 000 toneladas de peso (o equivalente a uma Torre Eiffel e meia) suspensas a 40 metros de altura. Visto de cima, com o tal aro a céu aberto sobre o relvado, sugere um ovo estrelado sem gema. Creio bem que há algo de especial naquele buraco aberto aos céus. Cá para mim a cratera escancarada sobre o relvado está em simetria rigorosa com o buraco do ozono. É daí que lhe vem a magia.

Em todo o caso, a comparação em termos arquitectónicos não desmerece os estádios emblemáticos do nosso Euro 2004. O que impressiona o viajante (e envaidece os ‘francius’) é o historial de eventos realizados neste estádio, apesar da sua ainda curta existência (1998).

Poderia recordar, por exemplo, a última final da Champions, aqui disputada em 17 de Maio de 2006: Benfica 2 – Arsenal 1, perante 77 500 espectadores. (Ou seria Barcelona - Arsenal, 2-1?). Poderia lembrar igualmente a final de 1999-2000, também da Champions, pela primeira vez disputada entre duas equipas portuguesas: SLB 3 - F.C.P 0. (Ou seria Real Madrid – Valência, 3-0?). Hesito, mas não é por falta de memória, é a língua a bater onde o dente dói.

Podia também lembrar grandes jogos do Torneio das Seis Nações ou da final do Campeonato de França de rugby, além dos campeonatos do mundo de atletismo, aqui realizados em 2003.

Mas não, à frente de um semáforo vermelho, o que vem à lembrança do viajante é tão-só (como se isso fosse pouco) a final da Campeonato do Mundo de 1998. A jogar em casa e tendo alcançado pela primeira vez na sua história a presença numa final da Copa do Mundo, os «bleus» bateram o Brasil por um concludente 3-0. E, claro, foi a loucura «à la grande et à la française», com Didier Deschamps a erguer o caneco mais desejado. Desilusão brasileira e show de Zidanne, com dois golos de cabeça que ainda estou a vê-los.

Com quase 2 milhões de espectadores e cerca de 40 eventos por ano, o Estádio de França (homólogo do nosso Estádio Nacional), revolucionou tudo em volta. St. Denis, uma região decadente, foi colocada no mapa, para ficar, graças à final de 98.

Imagino agora o mega concerto que os Roling Stones aqui realizaram no verão passado perante 89 000 pessoas! Mas, quando assim imaginava…
Quem buzinou? Querem ver que foi algum desses «talibãs» do volante que não gosta dos Roling Stones!

Bolas! Foi mas é o sinal verde que caiu. Recomecei a marcha.

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